O Brasil desponta como um dos líderes na corrida mundial para a produção do hidrogênio verde, considerado um dos combustíveis mais limpos do mundo. O elemento é apontado como solução para limitar a emissão de gás carbônico e conter o avanço do aquecimento global, sem deixar de atender à crescente demanda por energia.
Encontrado em abundância na Terra, o hidrogênio só existe na combinação com outros elementos, como na água e nos hidrocarbonetos. É preciso separá-lo para chegar ao seu estado puro. Um dos métodos para isso foi criado pelo químico e físico britânico Michael Faraday: a eletrólise da água, que consiste na separação do hidrogênio do oxigênio por meio de uma corrente elétrica. Contudo, para ser considerado “verde”, a energia elétrica utilizada precisa ser de uma fonte renovável, como a eólica ou a solar.
O coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Química do Crea-SP, Eng. Quim. Ricardo de Gouveia, ressalta que o Brasil tem um potencial enorme para gerar energia elétrica fotovoltaica e, assim, produzir hidrogênio em um ciclo completamente limpo: “Quando falamos de hidrogênio, você o utiliza como reação química que gera eletricidade, como se fosse um gerador de eletricidade. A bateria do celular funciona assim. Podemos nos adequar conforme a tecnologia avança e sermos um grande produtor de energia mundial”, avalia.
Para Gouveia, como todos os países estão em busca de uma alternativa aos combustíveis fósseis, esse processo deve se acelerar nos próximos anos: “Temos que pensar em ser mais sustentáveis. O petróleo não é sustentável pela geração de gases de efeito estufa e buscamos alternativas para evitar o seu uso. Trabalhar com hidrogênio é uma grande oportunidade para os profissionais da área tecnológica. Há vastas áreas que podemos utilizar para gerar energia elétrica sustentável para produzir o hidrogênio verde. Com isso, o Brasil pode se tornar um grande fornecedor para o mundo todo”, aposta.
A consultoria McKinsey prevê que o investimento para formar a indústria e produzir o hidrogênio verde no Brasil seja da ordem de US$ 200 bilhões, pois o volume de energia elétrica deverá ser elevado em 180 gigawatts (GW) apenas com renováveis.
Com relação ao desafio de aumentar a produção de energia, o presidente do Crea-SP, Eng. Vinicius Marchese, acrescenta que a crise hídrica tem contribuído para o País pensar em outras possibilidades que diminuam a dependência nacional das hidrelétricas, responsáveis por mais de 50% do abastecimento brasileiro.
“A energia fotovoltaica precisa receber um olhar atento do poder público para que haja a elaboração efetiva de políticas públicas baseadas na utilização desse sistema, visando o desenvolvimento econômico e social. Além disso, essas políticas podem colaborar para a redução das emissões de gases de efeito estufa e de adaptação às adversidades das mudanças climáticas. Com investimentos dessa ordem, o Brasil tem tudo para se tornar uma referência no mercado de energia ao apostar na produção do hidrogênio verde, que é o combustível do futuro”, finaliza.
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